Wednesday, August 27, 2008

"Concordo com você na idéia de juntarmos as forças, pois esse Mercado é Nosso e precisamos salvá-lo"



Interessante o ponto de vista desse meu colega:


"Ponto de partida perigoso, cumpade! E um tanto equivocado. O mercado automobilístico não é uma propriedade dos metalúrgicos ou dos vendedores de concessionárias. O mercado editorial não é propriedade do Rubem Fonseca, do João Ubaldo, do Paulo Coelho ou da Bruna Surfistinha. Nem do gerente da Siciliano. A oferta e procura de táxis na cidade não é da alçada do motorista do ponto perto da minha casa ou do frentista do posto em que ele se abastece. O mercado de alimentação não é propriedade do Chiquinho, garçom do Eskina Grill nem do cozinheiro que faz aquele fantástico contra com legumes no Giló.

Nenhum mercado é propriedade de parte dos profissionais que atuam nele. A frase já era perigosa e equivocada no formato em que foi inventada, há uns vinte anos: “A profissão é nossa”. Já não era verdade e conduzia as pessoas a enganos nesse formato. Ampliada para “O mercado é nosso”, se torna só um equívoco maior.

Acho que podemos e que devemos sempre tentar salvar o chamado “mercado”. Mas achar que ele é “nossa propriedade” nos leva a acreditar que é nosso direito sagrado MANDAR no mercado, DECIDIR o bem e o mal e, principalmente, autorizar ou proibir a participação de outras pessoas no “mercado” e nas decisões do “mercado”. Se cada simples atuante desse mercado acredita nessa propriedade e se norteia por essa idéia, imagine a plenipotencia que um PRESIDENTE, chefe em comando “eleito” desse mercado, não irá presumir.

E é disso que estamos tratando, não? Supostos proprietários de um mercado que tomam decisões autoritárias a seu bel prazer. Ora, se somos donos do mercado, o chefe dos donos é dono dos donos. Nada a estranhar. Nada a reclamar.

Obs.: Sou antiguinho. Os substantivos e adjetivos estão no masculino como uma generalização, como se usava antes de importarmos as bobagens politicamente corretas dos americanos. Como não tenho muito saco para aquele papo de “o profissionial ou a profissional”, “o ator ou a atriz”, “o chefe ou a chefe”, generalizo da forma como se fez durante séculos na Língua Portuguesa."

Nelson Machado

Wednesday, August 13, 2008

Pai, com fome!


Ricardinho não aguentou o cheiro bom de pão e falou:

-Pai, com fome!

O pai, Agenor , sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência...

- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu com muita fome, pai!

Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente...

Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:

-Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!

Amaro , o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho...

Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato Feito), arroz, feijão, bife e ovo...

Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua...

Para Agenor , uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá...

Lágrimas rolavam por sua face já na primeira garfada...

A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades...

Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para relaxar:

- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato?!?!

Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer...

Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho...

Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas costas...

Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório....

Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos 'biscates aqui e acolá', mas que há 2 meses não recebia nada...

Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias...

Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho...

Ao chegar em casa com toda aquela 'fartura', Agenor é um novo homem sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso...

Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era toda uma esperança de dias melhores...

No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho; Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia estava ajudando...

Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa...

E ele não se enganou; durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres...

Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar...

Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta...

Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula...

Agora Agenor, ou melhor; Dr. Agenor Baptista de Medeiros , advogado, abriu seu escritório para seu primeiro cliente, e depois outro, e depois mais outro...

Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o 'antigo funcionário' tão elegante em seu primeiro terno...

Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço...

Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho , o agora nutricionista Ricardo Baptista...

Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um...

Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido...

Ricardinho , o filho mandou gravar na frente da "Casa do Caminho", que seu pai fundou com tanto carinho:

"Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma. E, que te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar!"

Tuesday, August 12, 2008

CARTA AOS PAIS

Não podes viver a esmo, numa estrada indefinida.

Um pai tem obrigações das mais nobres que há na vida.


Meu irmão, em tua casa, nas ternuras dos filhinhos,

Personifica o bom-senso entre os beijos e os carinhos.


Por enquanto, a Terra inteira inda é um mar encapelado.

Se não dominas a onda virás a ser dominado.


Entende a luz do caminho.

A tua finalidade não é somente a da espécie

Nas lutas da humanidade.


Exige-se muito mais dos teus esforços no mundo,

Recebeste de Jesus um dom sagrado e profundo.


Se a missão das mães terrestres é conduzir e ensinar,

O teu trabalho é de agir no esforço de transformar.


Não olvides teus deveres na esfera da educação,

Fazendo de tua casa a escola de redenção.


Um pai que deixa os filhinhos abandonados ao léu

Não corresponde no mundo à confiança do céu.


Cuida bem dos pequeninos.

A educação tem segredos que devem ser estudados desde os tempos dos brinquedos.


A tua função no lar não é somente prover,

Mas adotar providências, procurando esclarecer.


Ensina os teus a gastar.

Quem vive muito à vontade pode encontrar a miséria no fim da ociosidade.


Gastar somente o que é justo é ser prudente e cristão.

Quem gasta o que não é seu faz dívidas de aflição.


Luta sempre, mas se os teus não te seguirem os trilhos,

Esperemos nesse Pai de que todos somos filhos.


Na pobreza ou na fortuna, esforça-te, meu amigo.

Exemplifica o trabalho e Deus estará contigo.